História é uma área do conhecimento, que envolve relatos cronológicos de pessoas ou de povos. Como ciência, requer exame crítico de suas fontes de referência.
Por Jonildo Bacelar
A espécie humana, o Homo sapiens, tomou forma há cerca de 300 mil anos, na África. Começou a se espalhar pelo mundo há cerca de 70 mil anos. Por volta de 30 mil anos atrás, os humanos já habitavam todos os continentes, exceto a Antártica, que não possui população autóctone. Na Serra da Capivara encontra-se vestígios de presença humana de cerca de 48 mil anos atrás. Essas migrações ocorreram durante a última era glacial, que terminou há cerca de 11 mil anos. Nesse período, a calota polar do Ártico estendia-se pelo norte da Europa, parte da América do Norte e norte da Ásia.
Hominídeos anteriores ao Homo sapiens já confeccionavam artefatos para caça e para outras atividades, feitos, por exemplo, de pedra lascada. Além disso, já sabiam produzir fogo. Por volta de 40 a 30 mil anos atrás, os humanos já eram artistas e deixaram seus registros em esculturas ou arte rupestre, representando caça e outros aspectos de sua vida.
Por volta de 10 mil anos atrás, os humanos começaram a estabelecer pequenos povoados. Já existiam templos religiosos, agricultura e criação de gado. A cidade mais antiga conhecida (de acordo com a Unesco) foi estabelecida no sítio histórico de Tell es-Sultan (Colina do Sultão), na Cisjordânia, perto da Jericó bíblica, há cerca de 10.300 anos. Essa cidade era rodeada por um muro de pedra de cerca de 3,6 m de altura, com 1,8 m de largura na base e tinha cerca de mil habitantes. Abrigava uma alta torre que tinha função também astrológica e viviam basicamente da caça.
Há cerca de 9.000 anos, surgiram as primeiras civilizações agrícolas nos vales do Tigre e Eufrates (nos atuais Iraque e Irã) e regiões vizinhas. Seus modos de vida expandiram-se depois para o Oriente, até a Índia e China. Artefatos de cerâmica eram confeccionados por volta de 8.000 anos atrás.
Entre 6.000 de 5.000 anos atrás, surgiram formas rudimentares de escrita na Mesopotâmia e no Egito. Por volta dessa época, símbolos gráficos, gravados em placas de xisto, eram usados em túmulos, na Península Ibérica. Formas de escrita muito antigas também surgiram na China. Começou, assim, a História, segundo o conceito tradicional, a Arqueologia e ciências correlatas estudando os eventos anteriores à escrita ou pré-história. Nessa época, civilizações do Oriente Médio expandiram-se para ilhas do Mediterrâneo. Dominou-se técnicas de metalurgia, especialmente para a fabricação de armas. Aqui se dá a transição do Neolítico para a Idade dos Metais, nas antigas civilizações, e o começo da Idade Antiga da História.
Na América, a escrita desenvolveu-se, de forma independente, no primeiro milênio aC ou antes, na América Central e México.
No princípio, apenas uns poucos dominavam a escrita, que era principalmente usada para divulgar oficialmente os feitos e leis dos governantes e segundo eles. Há cerca de 3.000 anos, autores independentes passaram a escrever sobre diversos temas, como História, Matemática e Cosmografia. Discussões entre sábios tornaram-se mais sofisticadas, envolvendo mais fontes. Nos mil anos seguintes, a humanidade adquiriu mais conhecimento sobre o universo do que nas centenas de milhares de anos anteriores, desde o surgimento do Homo sapiens.
Essa ebulição acadêmica atingiu seu apogeu nos três primeiros séculos da Era Cristã, na antiga Alexandria. Mas o Velho Mundo estava dividido por suas imensas injustiças sociais. A escravidão, por exemplo, era comum. Quando Roma estava impulsionada para se tornar a maior potência daquele Mundo, apareceu Jesus, o Cristo, divulgando um "Reino dos Céus", palavras de compaixão e esperança. Décadas depois, os cristãos estavam em todo lugar do Império Romano e o dominaram no século 4. Nos séculos seguintes, o Velho Mundo tomou um rumo mais espiritual, religioso, seguindo seus apóstolos e profetas. O Oriente e a África Subsaariana seguiram seus próprios destinos, com pouca influência cristã.
Cerca de mil anos depois, o Velho Mundo estava maduro para novos rumos. No século 15, livros começaram a ser impressos na Europa, difundindo o conhecimento em larga escala. Os portugueses iniciaram a era das Grandes Navegação e a América foi conhecida pelos europeus, depois, conquistada. Iniciava-se uma revolução científica e cultural.
Seguiu-se também uma revolução social. A Igreja Católica foi condenada por certas práticas, dando origem a um novo ramo do Cristianismo com os protestantes. O poder dos monarcas foi gradativamente diminuído, com as constituições e os parlamentos.
No século 18, as máquinas começaram a substituir os artesãos. Iniciou-se a independência das colônias americanas. No século 19, a escravidão na América, na África e em parte do Oriente, foi abolida oficialmente. As indústrias ganhavam mais espaço e mudavam o estilo de vida das comunidades. Repúblicas passaram a substituir monarquias, mas as potências europeias continuavam a disputar territórios. O telégrafo e as estradas de ferro encurtavam distâncias.
No século 20, arrogância e xenofobia levaram o mundo a duas guerras mundiais. O Comunismo foi testado e, então, entendeu-se que o problema estava mais nas pessoas que no regime. Nos anos 1940, as transmissões de rádio ganharam as massas e, nos anos 1950, foi a vez da televisão. Rodovias e automóveis transformavam a paisagem urbana. Em 1967, começaram as transmissões internacionais de TV, ao vivo, via satélite. Em 1969, humanos pisaram na Lua.
No século 21, descobriu-se que a prosperidade deve ser distribuída entre as nações. Ideias não devem ser impostas. Conflitos devem ser negociados. O Planeta deve ser cuidado. Mudanças ocorrem tão rápido, que é difícil se adaptar.
O futuro parece nebuloso, por questões ambientais e pelas imprevisíveis consequências das revoluções tecnológicas, mas não é história ainda.
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O Serapeu de Alexandria em uma recriação para o filme Ágora (2009). Fundada por Alexandre Magno, em 331 aC, Alexandria representou o apogeu da cultura clássica na Antiguidade. Sábios de várias partes do mundo encontravam-se aqui para discutir suas teorias. Foi conquistada pelos romanos, em 30 aC, e pelos árabes, em 642, mas os textos acadêmicos produzidos em Alexandria continuaram como referência até o Renascimento, no século 15.
O Infante Dom Henrique sobre o Promontório de Sagres, em Portugal, vislumbra as conquistas marítimas portuguesas, no século 15 (parte da tela do artista português José Malhôa, 1905. Pinacoteca do Real Gabinete Português de Leitura, em Lisboa).
Após conquistar Ceuta, em 1415, os portugueses seguiram dominando territórios na costa oeste da África. Dobraram o Cabo da Boa Esperança, em 1488, e chegaram às Índias pelos oceanos. O Brasil foi descoberto no caminho. Em 1509, os portugueses derrotaram os árabes na Batalha de Diu e tornaram-se os senhores do comércio no Oceano Índico e Atlântico Sul. Na primeira metade do século 16, Portugal era a maior potência mundial, com seus feitos contados em versos por Camões. Portugal era também a maior potência tecnológica da época.
A ousadia portuguesa decidiu o rumo da História. Seguindo o exemplo lusitano, vieram depois Espanha, França, Inglaterra e Holanda. Mais: As Grandes Navegações ►
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